DOENÇAS E PROCEDIMENTOS

“Bursite”do ombro

A dor no ombro é um sintoma muito freqüente, um estudo aponta que aproximadamente 50% da população americana apresenta um ou mais episódios durante o ano1. As doenças do ombro freqüentemente relacionadas a esse sintoma incluem as lesões do manguito rotador, artrose do ombro e acromioclavicular, capsulite adesiva, tendinite calcárea e a síndrome do impacto subacromial.  Com freqüência encontramos a referencia a “Bursite” como uma patologia dolorosa do ombro, contudo isso deve ser entendido de uma forma diferente.

As bursas ou bolsas articulares, são estruturas saculares, localizadas em várias regiões do corpo onde as estruturas anatômicas sofrem atrito. A bursite é um termo genérico que se refere a uma reação inflamatória da bursa sinovial que pode ser uma fonte de dor. No ombro a bursa se localiza entre os tendões do manguito rotador  e a superfície do acrômio, articulação acromioclavicular e o músculo deltóide, recobrindo a goteira bicipital (bursa subacromial e subdeltóidea), normalmente ela não se comunica com a articulação a não ser que exista uma lesão do manguito rotador. Os processos inflamatórios da bursa, são causados ou por um processo primário do tecido sinovial ou mais freqüentemente por origem mecânica. As doenças que geralmente provocam alterações inflamatórias na bursa são: alterações da articulação acromioclavicular, lesão do manguito rotador, trauma agudo no ombro, artrite reumatóide, infecção e sinovite vilonodular. Nos quadros dolorosos do ombro, normalmente, excetuando as condições onde a origem é primária, como na artrite reumatóide, a bursite do ombro é um quadro reacional, devendo ser entendida como uma reação bursal, isso é, como uma conseqüência de uma doença subjacente. Estudos de imagem apontam para uma freqüência muito elevada de aumento da bursa subacromial (efusão bursal) nas patologias dolorosas do ombro e mesmo no pós operatório de lesão do manguito rotaodor2. O aumento de volume da bursa subacromial pode ser observado nos exames de imagem como na ultrassonografia e na ressonância magnética e juntamente com a avaliação clínica levarão ao diagnóstico da doença existente. As condições clínicas mais freqüentes onde podemos encontrar essa reação bursal são:

Síndrome do impacto subacromial

Essa síndrome é normalmente o resultado da colisão do manguito rotador e  da bursa subacromial de encontro ao arco coracoacromial. Na sua fisiopatologia incluem-se  a sobrecarga miotendinosa por atividades com o baço elevado e movimento repetitivo ou resultante de uma doença subjacente do manguito rotador, causando uma colisão anormal dessas estruturas produzindo dor e limitação em níveis variados.

Lesão do manguito rotador

A lesão do manguito rotador  é uma rotura parcial ou total dos tendões do manguito que gera um desequilíbrio de movimento do ombro. Esse desequilíbrio provoca uma colisão do úmero proximal e suas estruturas de encontro no arco coracoacromial provocando a dor e limitação.

Tendinite Calcárea

A tendinite calcárea é uma deposição ectópica de cálcio nos tendões, de etiologia incerta, que pode causar reação dolorosa intensa do ombro normalmente pelo processo natural de reparação, com a tentativa do organismo de absorver o depósito calcáreo. A migração do depósito de cálcio para a bursa subacromial pode resultar em intensa reação bursal.

Outras alterações da cinemática normal do ombro como quadros de rigidez como a capsulite adesiva ou ombro congelado podem produzir um aumento da bursa subacromial, confundindo o diagnóstico.

Bibliografia

1-Chalian M, Soldatos T, Faridian-Aragh N et al (2011) MR evaluation of synovial injury in shoulder trauma. Emerg Radiol18(5):395–402

2- Draghi F,  Scudeller L, Draghi AG,  Bortolotto C. Prevalence of subacromial-subdeltoid bursitis in shoulder pain:an ultrasonographic study J Ultrasound. 2015 Jun; 18(2): 151–158. Published online 2015 Apr 2doi: 10.1007/s40477-015-0167-0

3-Chalian M, Soldatos T, Faridian-Aragh N, et al. MR evaluation of synovial injury in shoulder trauma. Emerg Radiol. 2011;18(5):395–402. doi: 10.1007/s10140-011-0973-4

4-Collin P, Abdullah A, Kherad O, Gain S, Denard PJ, Lädermann A. Prospective evaluation of clinical and radiologic factors predicting return to activity within 6 months after arthroscopic rotator cuff repair. J Shoulder Elbow Surg. 2014

5- Ishi H, Brunet JA, welsh RP, Uhthof HK. “Bursal Reactions”in rotator cuff tearing, the impingiment syndrome, and calcifying tendidnites. J shoulder elbow Surg. !977 Mar-Apr,6(2):131-6.

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